quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Solitárias

A TV ligada não me faz pensar. Até que cairia bem uma lacuna nos meus pensamentos, quem sabe um vazio? Ontem, passei direto no meu ponto, não olhei o sinal verde e desviei o olhar da criança que me observava com toda a atenção. Ela tentava me decifrar, adivinhar meus pensamentos silenciosos e minha vontade gritante de não está ali. Ela tinha algo em comum comigo, talvez fosse a solidão e a certeza de não saber o porquê de tantas coisas. Nós estávamos perdidas. Solitário e egoísta era o meu olhar, não desviava a atenção, não penetrava em ninguém. Intrigante era o meu sorriso...

terça-feira, 25 de novembro de 2008

No anverso do poema

Ao escrever um poema, o anverso procurou espaço para a definição do ser. Escrevi ao avesso aquilo que eu sinto. Ele não entendeu. Como entender aquilo que eu não entendo? O anverso permaneceu em branco, como deve ser.

Anverso: silêncio no branco do papel.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Click!





Fotojornalista em ação nesta quinta-feira.

domingo, 16 de novembro de 2008

Dólar

A pequena casa tinha um pé de cajueiro no jardim. Vista de longe, era igual às outras moradias do sítio Boa Vista, zona rural de Palmeira dos Índios. Ali mora Vandete Maria de Sena, uma jovem de 25 anos, que apesar da pouca idade tem uma olhar sofrido e uma história trágica para contar. Ao avistar o carro de Reportagem, ela ficou muito nervosa e demonstrou timidez. Ao seu lado, encontrava-se sua irmã, Luísa Maria de Sena, 30, que estava de visita. Vandete mora sozinha, seu marido Damião passa meses tentando melhores condições de vida em São Paulo. Mas ela não costumava ficar sozinha em casa, tinha um companheiro para a sua solidão, seu irmão Josuel Rufino de Sena, jovem de 17 anos, chamado carinhosamente por Dólar.
Alguns minutos após a nossa chegada, Vandete, um pouco mais relaxada, relatou o trágico dia 20 de maio deste ano. Era manhã, Josuel acordou e, como de costume, foi logo encher as garrafas de água para sua irmã. Já na hora do almoço, Vandete estranhou o sumiço do irmão e foi procurá-lo. "Encontrei o Dólar sentado em baixo de um pé de pau tomando cachaça. Ai eu disse para ele: ‘Oh Dólar, vamos para casa’, e ele abaixou a cabeça". Dólar não voltou para casa, foi até a roça de um vizinho e ingeriu meio litro de um agrotóxico muito utilizado por trabalhadores rurais da região para o controle de pragas, o Tamaron.
Dólar foi carregado num carro de mão pelos vizinhos até a casa dele e de Vandete. Os amigos da família arranjaram um carro e o levaram para a Unidade de Emergência em Arapiraca, mas não teve jeito. "O doutor falou que ele tomou veneno demais". Luisa conta que estava em casa, arrumando a cozinha, quando soube da morte de seu irmão pela rádio da cidade. Ao achar a foto 3X4 de Dólar, que estava escondida na gaveta da sala, Vandete se emocionou. Ela disse que mantinha a fotografia longe de seus olhos para evitar a saudade e uma dor grande no peito. "Quando nossa mãe morreu, eu não tinha nem dez anos, a Luísa foi morar em Palmeira dos Índios e eu continuei aqui para cuidar dele como um filho". Dólar era um jovem bonito, os olhos castanhos claros chamavam atenção na única lembrança que restou para a família. "Ele era o mais bonito", disse Luisa, que não entendia porque o jovem ainda não tinha uma namorada. "Ele era muito tímido", respondeu Vandete. A família Sena era composta por onze irmãos, onde Dólar era o caçula. Ele foi o sétimo a morrer, só restaram quatro.
As irmãs não esconderam que o adolescente era o xodó da família, todos o adoravam. Dólar estudava, tinha amigos e gostava de assistir à televisão deitado no sofá, adorava desenhos, era uma criança grande "Ele era um menino muito bom e trabalhador, limpava o mato na roça para conseguir dinheiro, ganhava um real e dividia comigo", lembrou Vandete. Josuel conheceu de perto casos de suicídios na sua família, dois de seus primos se mataram. "Ele (Josuel) era criança, mas se lembra das mortes". O pai de Dólar, Antonio Pedro Rufino de Sena, é alcoólatra e não tinha um bom relacionamento com os filhos. Aos 15 anos, Dólar, em uma discussão, furou o olho do pai, que estava bêbado, com um pedaço de madeira. Por isso, o estudante passou onze dias preso. Luísa acredita que a presença problemática do pai pode ter feito Dólar pensar na morte. “Ele ficava revoltado com as atitudes do pai, foi culpa do nosso pai a morte do Dólar. O pai não era uma pessoa boa, bebia muito”, desabafou. Ouvindo a irmã, Vandete permaneceu calada e apenas disse. “Não foi culpa do pai não. Foi culpa de ninguém, ele fez isso porque estava bêbado. Não sabia o que estava fazendo. E eu acho que ele tomou o veneno pensando que não ia morrer”.
Dólar reclamava do ócio daquele lugar. Foi assim com os três jovens que se mataram ano passado, João Henrique, Vinícius e Thiago e, infelizmente, poderá acontecer com qualquer jovem, inclusive com o irmão de Dólar, José, 19 anos. “Qualquer dia eu faço pior”.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Achado

Ao deparar-se com livros, ela pregou algo mágico nas mãos e prosseguiu sozinha pela rua. Viu o céu aberto escorrendo como um longo sorvete de pistache com baunilha e cobertura derretida. Buscando as palavras daquilo que já estava dentro, procurou olhares significativos e mãos molhadas de uma alegria misturada com desejo e com um pedaço de talvez. Pensou três vezes antes de falar para ter certeza que as palavras não preencheriam um espaço vago de incompreensão. Ficou calada.

.....

Na procura da busca achou a palavra escrita.

Olha,

Devo cruzar o meu olhar, e sem pedir licença, olhar fixamente sem cessar.
Devo falar com o seu olhar e dizer poemas disfarçados de bom dia!
Devo perguntar como ele está, será que dormiu bem esta noite e como foi o seu dia.
Devo esperar pelas respostas sem perguntas?
Não, não devo.

sábado, 25 de outubro de 2008

Olha,

seu olhar, inspiração! Como uma vida inteira sem ser vivida.
Seu olhar que devora e ao mesmo tempo acolhe.

Entre palavras desconhecidas, entre (im)particularidades.
Olhar precisão e com um quê de imaginário.
Desconheço a intensidade, se dele faço parte, se nele há o meu suplemento.

Desconheço nele o que já não sei, o que não procuro, o que não direi.

Guardarei seu olhar num livro, numa música, no meu olhar. Guardarei.
Quando o tempo passar, ao me procurar, terá resquícios daquele que nunca me pertenceu, pois era,desde o início, seu.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Máquina de escrever

Andava distraída, sem saber o que lhe esperava na segunda esquina, entrando na terceira porta. Andava apressada, parecia que os minutos evadiam-se como o suor grudado no pescoço. Movimentava a boca, numa contração involuntária - movimentos bruscos e coordenados. Pensava em nada. Um nada cheio de vazio. Tinha fome. Dobrava a primeira esquina, olhar taciturno, sem grandes expectativas. Tênis gasto apertava o calo que ardia a pele. Aquilo lhe dava prazer imenso. Prazer da carne encravada. Avistou a segunda esquina, entrou na terceira porta. Parou no cartaz que dizia: Vende-se Máquina de Escrever. Seguiu em frente. O nada dos pensamentos se ocupou com a imagem. Retrato de uma máquina – não lavaria, nem passaria. Escreveria. Desfiava palavras num espaço em branco. Riscos negros contariam pensamentos. Assustador, intrigante. Máquina – humana, perecível. De escrever – de fantasiar, de acordar para dentro. Apressou o passo. A máquina lhe proporcionaria pesadelos, infinitos sonhos sem respostas. Não estaria preparada para ela. Ela era um mistério, que não poderia desvendar. Virou a terceira esquina. Deparou-se com livros.

domingo, 7 de setembro de 2008

Vista do alto

Um grande silêncio invade a janela. O silêncio estável-permanente. Tudo parece calmo e tranqüilo. Vistas do alto, palavras seguem em fileiras. Estão arrumadas, compostas de certezas. Vejo a formação de adjetivos gritantes. Com suas interjeições vibrantes. Elas me saúdam, um cortejo sem fim. Passam e não param. Em seguida, as vírgulas, elas e seus momentos. Pausas sem fim. E tem um fim. Não aqui. Os pontos não são para mim. O final ainda está no começo. Há aquela que é uma pergunta. Nunca serei igual a ela. Ela é única, assim como a dúvida. Nunca seria a resposta. Elas são claras demais e por que não dizer objetivas em excesso. Talvez os dois pontos.Sim, claro! Depois dos dois pontos vem a incerteza. E com ela, o sentimento de ânsia, de desprezo, de verdades ou mentiras. O que vem depois de dois pontos? Minha vida são dois pontos:

terça-feira, 26 de agosto de 2008

A personificação do eu, do nosso (desabafo)

Apesar da escritora Clarice Lispector - um dia - afirmar que ainda não é humana, a magnitude do ser humano representa uma inspiração para aqueles que gostam de traduzir seus sentimentos com palavras. Narrativas da vida real com suas infinitas histórias que deixam a imaginação correr solta, quando expressões, sons e gestos percorrem nossos ouvidos e nos fazem sentir um texto.

É evidente a personificação do eu subjetivo, aquele cheio de sentimentos e sem nenhuma regra, nenhuma imposição. Poderia ser algo mais satisfatório? E essa concretização é paradoxal, assim como a nossa sociedade. Assim como os ouvintes, aqueles que são donos das narrativas.

Declaro-me motivada a seguir estes caminhos. A culpa deve ser da minha mãe, uma contadora de histórias que me ensinou desde cedo a importância do livro. Ou é daquele sentimento de decepção com a realidade jornalística da minha região. Talvez um desejo de acrescentar, inovar e - quem sabe - transformar o que tanto observo.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Grunhido

Os pés estavam agitados, descompassados. Marchava o chão. Pés apertados num chinelo, onde o dedão era cru. As pernas cansadas buscavam se esticar, não havia lugar, apoiava-se no canto esquecido. O sexo já não era mais companheiro, anos passam..Bons tempos! Naquela barriga rugia um leão e as cambaleantes pernas não mais obedeciam. O rosto expressava tristeza e fazia curvas que se encontravam nos olhos azuis. Face atenta e receosa. Os vaidosos cabelos estavam apertados entre as palhas do chapéu. Mãos suadas, molhadas como aquele dia de chuva. Olhava aquela movimentação estranha e sem sentido. Buscava entender, não entendia. Estava animado, apertou o passo. Da boca surgia um grunhido:

-Viva aquilo que não entendo! Viva aquilo que não vivo! Viva o que não me representa!

E todos olhavam surpresos.

Lá de cima do palanque, o grunhido não foi ouvido.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Aquilo que me preenche

Quando criança, a mãe lhe deu uma caixa grande e colorida. Poderia guardar aquilo que não deveria ir embora. Guardou a felicidade. Não poderia abrir, a felicidade sumiria com o soprar do vento. Vento insano! Um instante, a caixa foi aberta rapidamente, mas que importância tem um instante? Olhou o escuro. A felicidade era escura. Os olhos amargurados perceberam que a felicidade era o vazio. Gritou para os cantos e para o vento ingrato! “A felicidade é efêmera! A felicidade é banal!” Nunca mais volte felicidade fugaz!


segunda-feira, 26 de maio de 2008

Num espaço

Ela achava no espaço vazio a razão para seguir. Buscava perguntas e elas surgiam sem respostas. Queria passar o tempo, queria adivinhar. Queria nada. Não queria nada. Jurava que não. Poderia querer o cheiro, aquele dos olhos brilhantes. Era só isso.

Jurava querer o que todos queriam, jurava baixinho, só para ela, mas não queria jurar. Queria lê todos os livros e assim saberia que poderia saber, assim, sem querer. Mas querer, ela não queria. Jurava que não.

Não, ela não jurava. Apenas queria pouca coisa. Era justo. Coisa só dela. Ali, onde era vazio, seria só dela.

O vazio poderia completá-la, só o vazio. Que era só dela e não de ninguém. Assim poderia jurar. Jurar para ela o que seria só dela:

O vazio.



sexta-feira, 9 de maio de 2008

VIDA DE SURURU

Ponto de vista sobre a obra de Graciliano Ramos: Angústia

Cruzando a Praça dos Martírios, surge à angústia de Luís da Silva, personagem de Graciliano Ramos num romance de linguagem densa e existencialista. O personagem vive a devanear o desejo de uma mulher, ao mesmo tempo em que sobrevive ao purgatório que é sua existência. Luís da Silva poderia ser o retrato da classe média alagoana da década de 30: servidor público, que vive a pedir emprestado cruzeiros para os amigos. Homem que fala mal do governo ao mesmo tempo o serve.

A vida seguia normal, casa- repartição pública - trabalho no jornal - leitura de romances efêmeros. Tudo seguia a ordem, até reconhecer Marina. Ar, mar, rima arma, ira, amar. A vizinha mexeu-lhe os nervos e assim ela está presente nas primeiras páginas do romance, como nos pensamentos carnais de Luís da Silva, já que não se pode falar de amor.

Luís da Silva não casou com Marina, então a loucura transpareceu o personagem, o mundo é o imaginativo de seus pensamentos, nada mais é real. Fatos se misturam com devaneios, mas é fato que sua amada o traiu e a partir deste ponto, que ele obcecado, mata seu rival, aquele que seduziu sua mulher. Lembranças de personagens da sua infância confundem-se com os do presente. Seus medos, fraquezas, sangue, ódio e morte, tudo toma o pensamento de Luís da Silva. O personagem já não mais vive. "vida de sururu. Estúpida".

Ao ler as 227 páginas de Angústia, o leitor sente-se literalmente angustiado. Todo o peso escuro e grosso do coração do personagem é passado para aquele que o acompanha, aqui está uma leitora que teve pesadelos com as letras e frases sujas de piche.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Mistura de bolo

Ao se definir, Ana procurou no SER, aquilo que não encontrava em supermercados. E assim foi dito:

Pintura infantil, desconexa. Atrás do lógico, há incoerência.
Mentira desvairada, mimese platônica.
Postura irregular, caráter duvidoso.
Mistura e colhe.
Dá cria aquilo que pretendes.
Grita fundo, áspero e particular.
Era o eu poético, eram pedaços de mim.
Insolúvel: água no óleo.
Súbita sensação, vontade vulnerável.
Dada, nua, completamente eu, SER.
Soluto complexo-compacto.
Assar bem.
E nada mais.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Solidão dois em um


... e tinha uma vontade de fechar bem os olhos e não pensar mais em nada.

Ali, no escuro, poderia sentir o toque dos seus dedos percorrendo o corpo encolhido.

Sem palavras, entregava-se ao silêncio. Ao abrir os olhos, admirava-se com as pupilas cor de mel.

Poderia deixar tudo para depois, nada mais importava, só aquele balançar de cílios.

Vestia-se em comoção, em toda a sua vida enxuta, esperou aquele momento. Encharcada, sentia-se transparente.

Com os pés apoiados nos dele, calmamente, tentaram prosseguir, e foram ao chão.

Olhava-se no espelho e via uma alma branca e pura, uma alma.

Esperou um instante..

Ao se dá conta que estava só, chorou mais uma vez...

quinta-feira, 6 de março de 2008

A passagem



Eu ainda não sou humana. Traduzo um estranho sentimento, que poderia ser chamado de dor ou principio da morte. Ao adormecer, os olhos continuam entreabertos. O sono profundo com pequenos pontos coloridos, que alcançam os cômodos do quarto. É a morte, ela ousa e não avisou sua chegada. De longe, uma vastidão azul. O dia de ontem.

Ontem, morri olhando para o mar. Foram segundos, diferente da eternidade. O mar estava limpo, azul. Traçados negros cortavam o céu, eram bailarinas- eram urubus. Neste angulo, não se pareciam com bichos nojentos, comedores de lixo.

Acompanhei aquele pequeno espetáculo dançante, pareciam que eles me acompanhavam, seguiam a morte.

Atravessei a passagem sem torna-me humana. Sem o gosto, sem o gozo, sem a plenitude. Atravessei e gostei. A morte era doce e a vida doía meus pés.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Poema Tirado de uma Notícia de Jornal

João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

(Manuel Bandeira)

Água e Óleo. Goiabada com queijo. Jornalismo e Literatura.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Dia


O barulho da sala de espera mistura-se com a dor da saudade. Ela não queria pensar muito no assunto e preferia está em casa descansando. Chegou atrasada. Seu nome não era chamado. O local cumpria o papel que lhe era atribuído. Sua cabeça latejava e as conversas não a interessavam, diálogos de doença, remédio e dor. A sala tinha vários sofás e uma decoração familiar. Fazia um calor e a água não estava à vista. As plantas artificiais cobriam a sua visão, não conseguia saber quem estava do outro lado, só enxergava os pés impacientes de uma mulher. Que lástima! A TV não estava ligada, sua frívola programação serviria para passar o tempo. E nada de seu nome. A espera é a pior ocupação. É o ócio das ações. É permanecer intacto, é a dor de cabeça. Desistiu. Desistir era fácil. Mais tarde seguiria para o trabalho. Duas horas, dois meses, eternidade. O som do teclado é o único zunido no seu ouvido. Tem também a voz daquele rádio, daquele cidadão que já não está mais lúcido. Enquanto as imagens fortes predominam, o pensamento está naquele que fala coisas bonitas. Frases e atos. Ela volta para a cena vermelha.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Caminho das borboletas

Eu imagino todas as palavras que deveria pronunciar. Todas as palavras de baixo calão que travam na garganta e fazem o silêncio permanecer. A voz dá passagem à lágrima. Eu espero o momento certo para, num só momento, acertar bem no orgulho. O seu orgulho dilacerado, o meu prazer. Quanta arrogância, quanto medo. O seu pavor percorre minhas veias e não me deixa viver. Os meus defeitos, a sua ignorância. A batalha diária chega ao fim. Eu desisto. Desisto porque sei que a estrada não só segue por um caminho. A passagem é escura, mas aqui ela é hostil. O mundo todo é hostil, mas aqui dentro ele é formado de borboletas. E são elas, que irei seguir.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Telefone

Ele disse que queria envelhecer ao lado dela. Ela desconversou e perguntou por que ele não ligou. Ele disse que pensou nela o dia inteiro e ela que já sentia saudade.
Ele: Mas você vai me ver daqui a dois dias!
Ela queria que ele dissesse que também sentia a sua falta.
Ela disse tudo bem. Ele disse, eu não quero mais brigar, então beijo e tchau. Ela disse tchau. Cinco minutos depois, ela recebe uma mensagem: Seu saldo é R$ 15,00. Ela liga de novo.
Ela: Liga a tv, está passando aquele filme que você disse para eu assistir.
Ele se animou e falou para ela ir logo assistir.
Ela disse que já estava indo e perguntou do almoço.
Ela: A sua mãe fez aquele empanado de frango?
Ele: Com brócolis e feijão verde.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Mordidas

Como é doce.
Qual é a definição se não a fofura.
Mordo!
Entre os dentes, carne humana.
Eu estou olhando sem controle, vou à direção certa, meus olhos não piscam.
NHAC! A parte roxa ainda está na pele mordida.