quarta-feira, 28 de novembro de 2007

A pequena


Hoje comprei um doce, mas não era simplesmente um doce, daqueles que ostentam beleza sem nenhum gosto. O meu doce tinha conteúdo, era uma mistura de chocolate ao leite com creme e para completar tinham um bombom em cima, engrandecendo sua gostosura. Não me aguentei, comecei a comê-lo no ônibus mesmo, indo para casa. Quando meus olhos se deliciavam com aquela pequena porção dos céus, uma garotinha entrou no coletivo. Ela era tão pequena que quase não aparecia no meio daquelas pessoas apressadas para chegarem ao seus destinos. Tão pequena e tão falante, começou a cantar para que sua altura não passasse despercebida por todos. Pedia dinheiro, umas moedinhas serviam. Ficou logo do meu lado e do doce. Ao falar, seus olhos estavam atentos para o público distraído, mas uma coisa lhe chamou a atenção. Era o doce. Ela não mais prestava atenção nos futuros ajudantes, somente no meu doce. Quando percebi a cena, já comecei a fechá-lo para poder entregá-la. Só seria mais um doce para mim. No momento que perguntei se ela queria, seus olhos se fixaram aos meus. Parecia não acreditar, agarrou aquele presente com toda sua pequena força. No espaço de poucos segundos, ela saiu correndo. Correu como se estivesse fugindo da morte. Com um brilho nos olhos, a pequena saiu do ônibus, com ele quase em movimento. Só consegui presenciar o sorriso estampado na pequena face e no meu rosto também.

2 comentários:

Estêvão dos Anjos disse...

é engraçado como essas crianças msm sendo forçadas a terem um papel de adulta tão cedo ainda apresentam ai inocencia e os sonhos de uma criança q ainda n foi corrompida pelo mundo...
isso aconteceu msms Cassandra?


bju

Anônimo disse...

Aprendi muito