quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Jornalismo X Literatura ou Jornalismo e Literatura


Por Estevão dos Anjos e Kassia Nobre

Objetivo X Evasivo. Impessoal X Metafórico. Denotativo X Conotativo. Literatura X Jornalismo. Os antagonismos marcaram presença na III Bienal do Livro, através da noite que o jornalista alagoano Luiz Gutemberg* prestigiou a festa literária. Jornalista e escritor, o conterrâneo conciliou e divergiu a frieza das páginas de jornal com a subjetividade literária. Empolgado, ele discursou para os presentes, deliciando-se ao confessar que a literatura liberta as frases frias do jornalismo. Gutemberg assegurou para todos, que um texto jornalístico carece da pulsação de uma obra literária e que fique bem claro isso, se não, o jornal de ontem, embrulhará peixe amanhã. Sejam feitas as suas palavras:

Jornalismo e Literatura são dois conceitos diferentes. Para o senhor, o que diferencia um do outro?

Um é sintético, o outro é disponível, um é analítico e o outro é objetivo, as diferenças são profundas na forma e no conteúdo. Grosseiramente, o jornalismo seria aquela informação que você passa sem filtro, já a literatura ou jornalismo literário, ou crônicas e tal, é você interpretando fenômenos com seus parâmetros e suas convicções ideológicas.

Como seria a interação entre o Jornalismo e a literatura?

Não existe, a literatura é uma coisa e o jornalismo é outra.

O Senhor fala que a literatura é um jornal que está para a eternidade e que ela preenche algumas lacunas deixadas pelos jornais. Porém, ela tem o mesmo papel de informação, clareza e comprometimento com a verdade, elementos vistos nos clássicos modelos do jornalismo?

O problema da verdade é a veracidade. Você pode dizer uma verdade absolutamente verdadeira, mas se você não torná-la verossímil, ninguém irá acreditar. Eu acho que a grande conclusão de jornalismo e literatura é que elas são expressões literárias, então você usa a gramática, a prosa, a língua e por isso as pessoas confundem as coisas, mas depois do Mcluhan, no século passado, onde ele estabeleceu nitidamente o território da mensagem e do meio e confundiu as duas por pura malandragem, nunca mais iremos discutir o problema.

No jornalismo brasileiro, há espaço para um jornalismo mais preocupado com a estética literária de um texto?

Eu acho que a tendência é essa. Os jornais estão cada vez mais bem escritos, cada vez mais sofisticados e principalmente maliciosos. Estão mais exigentes.

Qual experiência, dentro do jornalismo dito literário, que o senhor mais apreciou na sua carreira?

Eu acho que o Rubem Braga, que é o grande cronista brasileiro, o Joel Silveira, o Paulo França. Dentre os brasileiros, eu citaria esses.

*Luiz Gutemberg nasceu em Maceió, no ano de 1937, onde viveu até os 18 anos. Formado em Direito na Universidade Federal de Alagoas, é ex-professor do curso de Jornalismo da Universidade de Brasília. Publicou bibliografias de alguns senadores, como a de Pedro Simon. No teatro, Gutemberg escreveu as peças “Auto da Perseguição e Morte do Mateu”, “O homem que enganou o diabo...e ainda pediu troco”, “Auto da lapinha mágica” e o “Processo Crispim”.

2 comentários:

Estêvão dos Anjos disse...

Muito boa a entrevista ( só pq eu participei) hauhauhua
Falando serio....

Não gostei muito das respostas.

Mas... é a visão dele. e qnt a palestra que foi dada resume-se a isso:

" A literatura preenche algumas lacunas que os jornais diários dão.Servindo como um documento de registro histórico."

huhuhuhuhauah

Kassia Nobre disse...

Tb nao gostei das respostas...