O local era realmente estratégico para quem, assim como eu, tivesse curiosidade sobre centenas de pessoas que atravessavam o Mercado Público em direção a Rua da Praia. A única lembrança que tinha dessa famosa Rua de Porto Alegre era dos textos da jornalista Eliane Brum, no livro “A vida que ninguém vê”, mas ai já é outra história...
Além do andar apressado dos transeuntes do Centro, a animação era garantida pelos protagonistas / comerciantes que marcavam ponto no local. Todos os dias, com chuva ou sol, as vozes anunciavam: “Corto cabeeeelooooo” “compro ouro, compro ouro”. Mistura de tons que parecia mais um coral desafinado. Mas nenhuma voz se comparava a dela com o seu suave e preciso: “compro e vendo celulaaarrrr. Celular compro e vendoooo”. Era quase uma música popular. A figura com a voz singular era uma senhora negra e grande que se posicionava em uma das esquinas para, com as mãos para trás, cantar o seu hino do dia a dia. Ela me lembrou muito o personagem Clodair, da história “A voz”, reportagem de Eliane Brum. Nela, a jornalista conta como o cantor de Conceiçãoooooooooo ganhava a vida e inimigos naquela mesma Rua da Praia.
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