"Quase sempre a lápis em pedaços esparsos de papel, seguindo o curso aleatório de meus devaneios ou de minhas caminhadas" "O narrador é um ser feito de palavras, não de carne e osso, como os autores tendem a ser"
terça-feira, 24 de agosto de 2010
O Homem e o Rio
Ele não se movia. Parado ali permaneceu como uma pintura muda. O rosto marcava o percurso de um alagoano cansado. A pele queimada de um sol único e devastador traduzia os dias gastos no trabalho do seu dia-a-dia. Talvez não falasse mais. Apenas observava o passeio dos mais novos e daqueles que ainda tinham esperança. Olhava para o Rio logo adiante. Aquele que destruiu seus amanhãs, aquele que era a razão para o acordar. Como é vilão aquele que antes produzia vida. Agora só restou a morte. A água barrenta desafiou o homem cansado. E dele não teve pena. Batalha travada. Batalha perdida. Restava apenas à espera do descanso do seu inimigo.
sábado, 21 de agosto de 2010
sábado, 14 de agosto de 2010
No mundo do Alzheimer...
Ela me encarou com ar sério. Um olhar taciturno que me desafiou. Ao adentrar na sua confortável residência, as suas fotografias, insistemente, me seguiam. Evalda Rocha Carvalho, 79 anos, não gosta de sorrir para as fotos. As que estão espalhadas por sua casa, mostram a Evalda de antigamente que possui a mesma expressão da Evalda de hoje. As duas possuem um olhar profundo que até assusta quem o encara.
O meu encontro com Evalda aconteceu na cozinha. A faca usada para descascar uma laranja me intimidou. Concentrada na ação, não percebeu a minha presença. Pelo menos era o que eu acreditava. Estava errada. O seu olhar cruzou o meu para pedir que eu sentasse ao seu lado. Sentei e troquei poucas palavras com a dona da casa. Queria saber quem eu era e o que fazia com o seu marido. Lembrei que o esposo tinha me alertado o quanto aquela mulher era ciumenta. Respondi que fazia uma entrevista para a pós-graduação.
O meu encontro com Evalda aconteceu na cozinha. A faca usada para descascar uma laranja me intimidou. Concentrada na ação, não percebeu a minha presença. Pelo menos era o que eu acreditava. Estava errada. O seu olhar cruzou o meu para pedir que eu sentasse ao seu lado. Sentei e troquei poucas palavras com a dona da casa. Queria saber quem eu era e o que fazia com o seu marido. Lembrei que o esposo tinha me alertado o quanto aquela mulher era ciumenta. Respondi que fazia uma entrevista para a pós-graduação.
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