"Quase sempre a lápis em pedaços esparsos de papel, seguindo o curso aleatório de meus devaneios ou de minhas caminhadas" "O narrador é um ser feito de palavras, não de carne e osso, como os autores tendem a ser"
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Entorpecer
Longe em um lugar distante. Era assim que me encontrava ao penetrar nas grossas páginas. Encontrava com cada palavra e estava entusiasmada. Sentia-me viva. Podia imaginar meus pensamentos ao arrancar mais um pedaço do pão adormecido. Eles existiam. Estavam tão imóveis antes. Deprimentes. Toquei a testa por um momento. Tinha terminado o alimento, que sujou o meu colo. Ao conseguir reabrir o livro jogado na estante, me sentir maravilhada. Era um esforço tremendo que doía todo o meu corpo. Sentia o sangue circular novamente. Sensação de vida. Estranha sensação que, às vezes, me entristecia. Por que a perdia quase em todos os momentos? Refletia e me sentia cada vez mais tola. Um pouco incomodada por achar que a ausência de vida ocorria apenas comigo. Mas que maravilha, eu imaginava. Acontecia sim comigo e era fortificante ter esta certeza. Mas era bom retornar. Estava tarde. E queria descansar. Pintei as unhas de vermelho como sinal de alerta. Não estava enganada. Havia vida novamente. O entorpecer tomou a minha voz e calei durante todo o tempo que permaneci ali.
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Um comentário:
Muito interessante como você tem a capacidade de sintetizar as palavras e a elas dar sentindo.
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