Alceu Amoroso Lima escreveu em 1958, o livro O Jornalismo como Gênero Literário e o tema não poderia ser mais atual.
Se o estilo comum do jornalismo exige certas condições intrínsecas e rigorosas, já que o estilo próprio admite, como sempre, a máxima liberdade. Preenchidas as condições comuns – precisão, concisão, clareza, cultura – então a liberdade, em vez de ser condicionada pelo gênero, é uma exigência dele mesmo e da condição do próprio jornalista, que é um artista como outro qualquer.
Essa característica do estilo próprio passa então a ser a própria afirmação da personalidade, aquilo que faz com que um jornalista seja diferente do outro e constitua o seu mundo à parte, o seu estilo próprio. Goethe já dizia que a maior força da liberdade estava, não em fugir à disciplina, mas em ultrapassá-la. Assim, o estilo próprio de cada jornalista, em face das exigências comuns do estilo jornalístico. Aí não há limites nem prescrições.
Há o mistério da vocação. Pois cada artista nasce aquilo que pensa fazer nascer. Já é ou nunca será. Nasce-se jornalista, como se nasce poeta ou orador, ensaísta ou colecionador de porcelanas. Há um talento inato que nada supre. Como há, também, uma preparação que, longe de matar esse talento, pode dele tirar o que a natureza, entregue a si mesma, não tiraria. Não sou contra os cursos de jornalismo. Só temo é que se queira algum dia confundir o diploma com a vocação.
Nascitur poeta, diziam os romanos. Nasce-se jornalista, como se nasce professor ou romancista. A formação universitária é apenas um aperfeiçoamento de qualidades nativas. Mas como no campo poético, vale mais que tenha inclinação, do que quem tenha técnica, no campo do jornalismo também vale mais que tenha vocação para o gênero do que quem tenha preparação para o mesmo. Uma coisa não exclui a outra. E o ideal é sempre a preparação completando, não suprindo, a vocação. O diploma de jornalismo, portanto, é apenas um certificado de estudos, não um atentado de valor.
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