“A vida inteira espremida numa mala de mão"....
...tentaria levar o mundo na mochila jeans escuro. Poucos dias e já se identificou com os sotaques diferentes do seu. Era tudo muito bonito, o cenário dos seus sonhos: poluição sonora e visual na cidade que nunca dorme. A paisagem da janela brotava prédios cor cinza que combinavam perfeitamente com o céu. Sempre parecia que ia chover naquela cidade, mas o guarda-chuva não era um dos acessórios na mala pequena. Não se preocupou, até porque não saiu muito naquele primeiro dia. Um medo esquisito confrontava com a liberdade do dia anterior. Decidiu espiar apenas pela janela aquele pedaço de mundo que não era seu. Ganhar o mundo não fazia parte dos seus planos. Diferente do planejado quando criança. Alguma coisa tinha mudado. Chorou ao lembrar-se do mar cor de céu azul. Límpido e transparente. Lembrava então do poeta das aulas de literatura: “Minha terra tem palmeiras,onde canta o Sabiá; as aves, que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá".