segunda-feira, 7 de julho de 2008

Grunhido

Os pés estavam agitados, descompassados. Marchava o chão. Pés apertados num chinelo, onde o dedão era cru. As pernas cansadas buscavam se esticar, não havia lugar, apoiava-se no canto esquecido. O sexo já não era mais companheiro, anos passam..Bons tempos! Naquela barriga rugia um leão e as cambaleantes pernas não mais obedeciam. O rosto expressava tristeza e fazia curvas que se encontravam nos olhos azuis. Face atenta e receosa. Os vaidosos cabelos estavam apertados entre as palhas do chapéu. Mãos suadas, molhadas como aquele dia de chuva. Olhava aquela movimentação estranha e sem sentido. Buscava entender, não entendia. Estava animado, apertou o passo. Da boca surgia um grunhido:

-Viva aquilo que não entendo! Viva aquilo que não vivo! Viva o que não me representa!

E todos olhavam surpresos.

Lá de cima do palanque, o grunhido não foi ouvido.